O xirê da leitura: mulheres negras grafando memórias em letras de poesia - como um espaço de fala, escuta e cura

Autores

  • Luzia Gomes Ferreira Universidade Federal do Pará
  • Julie Castro

DOI:

https://doi.org/10.35921/jangada.v2i15.244

Palavras-chave:

Memórias, Museologia, Poetas Negras, Poesia, Xirê

Resumo

Compreendendo a importância do tripé basilar da Universidade Pública Brasileira que é Ensino, Pesquisa e Extensão, neste artigo vamos falar do Projeto de Extensão Xirê da Leitura: Mulheres Negras Grafando memórias em Letras de Poesia, criado no âmbito do curso de Museologia da Universidade Federal do Pará (UFPA) em 2019 e desenvolvido em parceria com a Livraria Ifá – Casa do Saber, com o objetivo de criar um espaço de memória com leituras e debates das obras de poetas negras brasileiras e estrangeiras, numa perspectiva de possibilitar a descolonização do olhar, do ler e do escutar. É possível constatar que no contexto brasileiro a poesia, enquanto expressão artística ainda possui uma ínfima representação de poetas negras nos espaços oficializados de produção, distribuição e fruição da escrita literária. Raro, também, é compreender a poesia produzida por mulheres negras como um patrimônio do nosso tempo, assim como é incomum termos instituições museológicas dedicadas às memórias de poetas negras no Brasil. Acreditamos na importância de tecermos uma rede artística de poetas negras abertas ao diálogo e com o nosso protagonismo negro, uma vez que devido ao sexismo e ao racismo estrutural da sociedade brasileira, nós, mulheres negras ainda não estamos representadas e apresentadas dignamente na maioria dos espaços oficiais de enunciação das memórias na capital paraense e nem nos seletos setores da produção literária.

 

 

Referências

AKOTIRENE, Carla. O Que É Interseccionalidade? Coordenação Djamila Ribeiro. Belo Horizonte (MG): Letramento: Justificando, 2018. (Feminismos Plurais).

ANZALDÚA, Glória. Falando em línguas: uma carta para as mulheres escritoras do terceiro mundo [versão eletrônica]. In: Revista Estudos Feministas (pp.229-236). 2000. Disponível em: <https://periodicos.ufsc.br/index.php/ref/article/view/9880/9106>. Acesso em 12 dez. 2018.

DAVIS, Angela, “Quando a mulher negra se movimenta, toda a estrutura da sociedade se movimenta com ela”. In: Reportagem cedida a Alê Alves para o Jornal El País em 27 de julho de 2017. Disponível em:

<https://brasil.elpais.com/brasil/2017/07/27/politica/1501114503_610956.html>.

Acesso em 10 jun. 2019.

EVARISTO, Conceição. “Nossa ESCREVIVÊNCIA reivindica o direito de contar as nossas histórias.” Oficina Memórias e Escrevivências. CENTUR, Belém do Pará, 2019.

GOMES, Luz. O que falar para Zélia Amador de Deus? 2019. Disponível em:

<https://etnografiasdemim.blogspot.com/2019/12/o-que-falar.html>.

Acesso em 06 dez. 2019.

GOMES, Luz. Em Curso. 2019. Disponível em:

<http://etnografiasdemim.blogspot.com/2019/02/em-curso.html>.

Acesso em 06 dez. 2019.

GONÇALVES, Ana Maria. O que a polêmica sobre o filme “Vazante” nos ensina sobre fragilidade branca. In: The Intercept_Brasil. 16 de novembro de 2017. Disponível em: https://theintercept.com/2017/11/16/o-que-a-polemica-sobre-o-filme-vazante-nos-ensina-sobrefragilidade-branca/?comments=1#comments

Acesso em 10 dez. 2018.

KILOMBA, Grada. Memórias da Plantação - Episódios do Racismo Cotidiano. Tradução de Jess Oliveira. 1. Ed. Rio de Janeiro: Cobogó. 2019.

KRENAK, Ailton. Ideias para adiar o fim do mundo. 1ª ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.

LODRE, Audre. A Transformação do silêncio em linguagem e ação. In: Portal Geledés – Instituto da Mulher Negra. (28/03/2015). Comunicação de Audre Lorde no painel “Lésbicas e literatura” da Associação de Línguas Modernas em 1977 e publicado em vários livros da autora. Disponível em:

<https://www.geledes.org.br/a-transformacao-do-silencio-em-linguagem-e-acao/>

Acesso em 13 out. 2019.

LORDE, Audre. Poesia não é um luxo. In: diáspora y dissidência sexual em trânsito escritas negras/de cor feministas lésbicas cuíer/queer. Traduzido por Tatiana Nascimento em novembro de 2012. Publicado pela primeira vez em Chrysalis: A Magazine of Female Culture, n. 3 (1977). Nota da autora. Disponível em:

https://traduzidas.wordpress.com/2013/07/13/poesia-nao-e-um-luxo-de-audre-lorde/

Acesso em 13 out. 2019.

MBEMBE, Achille. Necropolítica: biopoder, soberania, estado de exceção, política da morte. Traduzido por Renata Santini. São Paulo: n-1 edições, 2018.

NATÁLIA, Lívia. “Eu sou uma mulher negra escrevendo”: entrevista com Lívia Natália Por Graziele Frederico, Lúcia Tormin Mollo e Paula Queiroz Dutra. In: Estudos de literatura brasileira contemporânea, n. 51, p. 281-285, maio/ago. 2017. Disponível em:

<http://www.scielo.br/pdf/elbc/n51/2316-4018-elbc-51-00281.pdf>

Acesso em 13 out. 2019.

Downloads

Publicado

2020-06-30

Como Citar

Ferreira, L. G., & Castro, J. (2020). O xirê da leitura: mulheres negras grafando memórias em letras de poesia - como um espaço de fala, escuta e cura. Jangada: Crítica | Literatura | Artes, 8(1), 188–201. https://doi.org/10.35921/jangada.v2i15.244

Edição

Seção

Relatos de Experiência