Jangada: crítica | literatura | artes

Arquitetura e voo: notas sobre um poema de Joaquim Cardozo

2025-09-23T19:14:21-03:00

Este estudo analisa a relação entre esporte, arquitetura e poesia a partir dos poemas que compõem a seção “Arquitetura nascente & permanente e outros poemas”, que fecha o livro Signo Estrelado, publicado em 1960 pelo poeta Joaquim Cardozo; especialmente o poema “O salto tripartido”, que homenageia o esportista brasileiro Adhemar Ferreira da Silva, recordista mundial e bicampeão olímpico no salto triplo. Tal análise busca destacar a dimensão estética da atuação do atleta a partir da perspectiva oferecida pela poesia, considerando sua proximidade estética com a arquitetura, relacionada principalmente à construção de Brasília, da qual Cardozo participou como calculista do projeto. Para tanto, além do referencial teórico relacionado ao contexto em que a obra se insere, o texto se baseia principalmente nos trabalhos de Hans Ulrich Gumbrecht sobre o esporte.

Flaubert, 'Salammbô' e o romance-poema

2025-10-13T23:13:07-03:00

Destacam-se, na Correspondência de Gustave Flaubert, os processos agônicos e poéticos da escrita de Salammbô (1862). Sua luta não se limita à documentação histórica; nem com o exercício criativo de se projetar mentalmente em dimensões espaço-temporais tão diferentes daquelas que correspondem a sua experiência, mas com o Estilo, no caminho da Beleza que levaria ao Verdadeiro, inseparável da musicalidade de seu exto poético. Afirma-se o apego ao ritmo do poema, à beleza de um estilo que penetre a mente, à prosa que alcançaria a secular e antiga musicalidade do verso. A escritura do romance provoca uma reflexão sobre o gênero do romance e seu imbricamento com os posicionamentos estéticos do autor, referentes à criação literária, à poíesis, tal como apreciados por sua primeira recepção e em sua transposição para a ópera de Ernest Reyer (1890) e a obra inacabada de Modest Mussorgsky, O Líbio.

"Loucas", marginais, escritoras: as subjetividades de Maura Lopes Cançado e Stela do Patrocínio

2025-09-23T21:25:08-03:00

Neste artigo, temos o propósito de refletir as obras Hospício é Deus, diário da mineira Maura Lopes Cançado sobre seus dias em uma instituição psiquiátrica; e Reino dos bichos e dos animais é meu nome, livro organizado por Viviane Mosé, com a transcrição da fala poética de Stela do Patrocínio. Tanto Maura Lopes Cançado quanto Stela do Patrocínio foram escritoras marginalizadas por dois vieses: por serem mulheres e por serem “loucas”. As duas usaram da literatura, escrita ou não, para expor suas subjetividades. A investigação é de cunho bibliográfico e recorre a Michel Foucault, Joan Scott, Isaías Pessotti, Pegoraro e Caldana, dentre outros.

De Bulgákov a Jagger: leituras, releituras e encontros em múltiplos universos contextuais

2025-10-13T22:00:54-03:00

O artigo explora a apreensão textual e comparativa de O Mestre e Margarida, romance de Mikhail Bulgákov, e de Sympathy for the Devil, canção da banda britânica The Rolling Stones, com foco em elementos materiais, corporais e sensoriais. Adicionalmente, são examinadas performances da música, que teve como inspiração compositória o clássico literário. A análise demonstra como obras se transformam em diferentes contextos e utiliza conceitos de McKenzie (sociologia dos textos), Zumthor (performance) e Gumbrecht (Stimmung) para mostrar que o significado é dinâmico, moldado pela interação entre texto, autor, público e ambiência. Cada leitura ou performance é uma experiência única, que ressignifica a obra e expande sua existência através do tempo.

Entre as espumas do mar e as brumas do ódio: literatura e resistência no conto 'Garopaba Mon Amour' (1977), de Caio Fernando Abreu

2025-10-14T18:57:34-03:00

O presente trabalho desenvolve um estudo sobre a produção literária brasileira dos anos 1970, focalizando na relação entre arte, repressão e resistência à luz das teorizações de Karl Erik Schollhammer (2013), Jaime Ginzburg (2007) e José Miguel Cortés, entre outros. Nosso objetivo principal é entender de que forma a literatura se armou contra o aparato repressivo da Diradura Militar no Brasil (1964-1985), desenvolvendo técnicas de experimentação estética e de subversão do poder hegemônico. Para tanto, recorre-se ao conto "Garopaba, mon amour", de Caio Fernando Abreu, publicado pela primeira vez no livro Pedras de Calcutá (1977), à guisa de verificar diferentes abordagens e metodologias no processo de embate ora mencionado. A partir desse trabalho, acredita-se que será possível a elaboração de uma análise relevante aos estudos que se debruçam sobre a literatura como parte de um sistema de transformação social.

Em busca do tempo perdido: história e (des)construção na Literatura em Silviano Santiago

2025-08-07T12:06:13-03:00

Resenha do livro O grande relógio: a que hora o mundo recomeça (2024). São Paulo: Editora Nós, 2024.

Costurando utopias em tempos de distopia: uma leitura de Ana Rüsche

2025-09-23T20:38:30-03:00

Resenha do livro Quimeras do agora: literatura, ecologia e imaginação política no Antropoceno. São Paulo: Bandeirola Editora, 2025.