Fantasia e busca mítica na ficção 'New Weird' de China Miéville
DOI:
https://doi.org/10.35921/jangada.v1i18.377Palavras-chave:
fantasia, mito, insólito, estrutura narrativa, China MiévilleResumo
Este artigo pretende demonstrar de que maneira o romance Estação Perdido (2000), de China Miéville, subverte convenções de estruturação de enredo típicas da fantasia literária, especialmente aquelas relacionadas com a aventura de busca mítica derivadas do conceito de monomito de Joseph Campbell. Estação Perdido é considerado a obra fundadora do New Weird, um movimento ou subgênero surgido durante o Boom da ficção insólita da Grã-Bretanha no início do século XXI. Seus pressupostos incluem a preocupação com o potencial de crítica social e política da ficção insólita, a diluição das fronteiras entre a ficção científica, a fantasia e o horror e a subversão das convenções formais e temáticas desses gêneros, promovendo tanto um resgate quanto uma renúncia. Demonstraremos como certos aspectos tradicionais da fantasia moderna derivada da tradição de Tolkien aparecem deslocados em Estação Perdido, como a dualidade bem e mal, o final “eucatastrófico” que regenera o mundo e a transformação divina do herói. Esses deslocamentos alteram etapas da estrutura narrativa tradicional da fantasia, aproximando o romance da possibilidade de uma reflexão crítica da nossa realidade.
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