Folhetos nordestinos vestidos de saia: a escrita da cordelista piauiense Ilza Bezerra
DOI:
https://doi.org/10.35921/jangada.v1i20.442Palavras-chave:
Literatura de cordel, Escrita de mulheres, Mulheres, Maria Ilza Bezerra.Resumo
Durante muito tempo, a literatura foi um universo hegemonicamente masculino, seja do ponto de vista da produção, seja da crítica literária. No cordel, mulheres também não apareceram na vitrine da produção de folhetos, como se esta fosse uma poética de homens. Recentemente, contudo, mulheres aparecem produzindo folhetos e ganhando repercussão nacional. Este artigo pretende discutir o fenômeno do apagamento feminino na produção de folhetos nordestinos, ao tempo em que aborda cinco cordéis da cordelista piauiense Maria Ilza Bezerra, que tem se destacado pela escrita de folhetos na contemporaneidade, tematizando a história de personagens femininas protagonistas. Contaremos com as seguintes contribuições teóricas: Zolin (2009), Lajolo e Zilberman (2011), Del Priore (2004), Perrot (2007) e Branco (1991) para discutir a participação das mulheres na produção e recepção do texto literário; Marinho e Pinheiro (2012), e Abreu (1999), para compreender o gênero cordel; acerca da literatura de cordel feminina, recorreremos a Luyten (2003), Souza (2006), e Melo (2016), entre outros estudiosos.
Referências
ABREU, Márcia. Histórias de cordéis e folhetos. Campinas: Mercado de Letras, 1999.
BARBOSA. Diego. Médica e cordelista Paola Tôrres assume presidência da Academia Brasileira de Literatura de Cordel. Diário do Nordeste, Fortaleza, 27 abr. 2021. Disponível em: <https://diariodonordeste.verdesmar es.com.br/verso/medica-e-cordelista-paola-torres-assume-presidencia-da-academia-brasileira-de-literatura-de-cordel-1.3078345> Acesso em: 22 ago.2022.
BEZERRA, Ilza Maria. Maria das Tiras. Teresina: Gráfica Editora Rima, 2019.
________. Dona Marluce: a sabedoria vestida com o robe da simplicidade. Teresina: Gráfica Editora Rima, 2020.
________. Dona Guidé: um coração de colibri. Teresina: Gráfica Editora Rima, 2021a.
________. Juanita das Sete Eiras. Teresina: Gráfica Editora Rima, 2021b.
________. Os fantasmas secretos de Maria dos Anjos. Teresina: Gráfica Editora Rima, 2021c.
________. Maria Ilza Bezerra: depoimento [maio. 2022]. Entrevistadora: Naelza Araújo de Wanderley. Patos: UFCG, 2022. Arquivo digitado.
BOOK, Darrell L. Quebrando o Código Da Vinci. Osasco: Novo Século Editora Ltda., 2004.
BRANCO, Lúcia Castello. O que é escrita feminina. São Paulo: Editora Brasiliense, 1991.
CARVALHO, Kathianne Carneiro Borges; TESTA, Eliane Cristina. Leitura literária: uma viagem à representação da mulher na literatura de Cordel. In: Revista Philologus, Rio de Janeiro, n. 75, p.1643-1659, Suplemento, 2019. Acesso em: <http://www.filologia.org.br/rph/ANO25/75supl/119.pdf> Acesso em: 24 ago. 2022.
CURRAN, Mark J. A Literatura de Cordel. Recife: UFPE, 1973.
DIÉGUES JR. Manuel. Ciclos temáticos na literatura de cordel. In: Literatura Popular em Verso: Tomo I. Rio de Janeiro: Fundação Casa de Rui Barbosa, 1973.
FIGUEIREDO, Eurídice. Por uma crítica feminista. Porto Alegre: Zouk, 2020.
LAJOLO, Marisa; ZILBERMAN, Regina. A Formação da Leitura no Brasil. São Paulo: Ática, 2011.
LUYTEN, Joseph M. F. Feminismo versus machismo: autoras mulheres na literatura de cordel. In: MELO, José Marques de; GOBBI, Maria Cristina; BARBOSA, Sérgio (Org.). Comunicação Latino-Americana: o protagonismo feminino. São Bernardo do Campo: Catedra Unesco/ Umesp/Fai, 2003. v. 1, p. 141-155.
MARINHO, Ana Cristina; PINHEIRO, Hélder. O cordel no cotidiano escolar. São Paulo: Cortez, 2012.
MELO, Miriam Carla Batista de Aragão de. “Cordel de Saia”: autoria feminina no cordel contemporâneo. 2016. Dissertação (Mestrado em Letras). Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, 2016. Disponível em: <https://ri.ufs.br/handle/riufs/5684>. Acesso em: 25 ago. 2022.
PERROT, Michelle. Minha história das mulheres. São Paulo: Contexto, 2007.
PRIORE, Mary Del. História das Mulheres no Brasil. 7.ed. São Paulo: Contexto, 2004.
SANTOS, Francisca Pereira dos. Cantadoras e repentistas do século XIX: a construção de um território feminino. In: Estudos de Literatura Brasileira Contemporânea, n. 35, pp. 207-249, 2010. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/2316-40183515>. Acesso em: 25 ago.2022.
SILVA, José Nogueira da. As africanidades no repente: proposições epistemológicas. 2021. Tese (Doutorado em Educação). Centro de Educação, Programa de Pós-graduação em Educação, Universidade Federal de Alagoas, Maceió, 2021. Disponível em: <https://www.repositorio.ufal.br/bitstream/123456789/8584/1/As%20africanidades%20no%20repente%20-%20proposi%C3%A7%C3%B5es%20epistemol%C3%B3gicas.pdf> Acesso em: 29 mar.2023.
SOUZA, Laércio Queiroz. Mulheres de repente: vozes femininas no repente nordestino. Dissertação (Mestrado em Letras). Universidade Federal de Pernambuco, Cidade Universitária, 2003. Disponível em: <https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/7938>. Acesso em: 24 ago. 2022.
ZOLIN, Lúcia Osana. Leitura de Autoria feminina. In: Bonnici, Thomas; ZOLIN, Lúcia Osama. Teoria Literária: abordagens histórias e tendências contemporâneas. 3ed. Maringá: EDUEM, 2009.