De Maria a Isabel, do silêncio ao grito: chega de machismo no cenário e nos versos do cordel
DOI:
https://doi.org/10.35921/jangada.v1i20.455Palavras-chave:
Cordel, Gênero, Machismo, Vozes femininasResumo
Este artigo versa sobre a importância da luta das cordelistas pelo fim dos discursos e posturas machistas no cenário da literatura de cordel brasileira. Pretende-se situar sexo e gênero de forma a entender como todo corpo feminino é atravessado por essa construção social que define o que é ser e o que pode ou não uma mulher. Norteiam esta abordagem as propostas de outras práticas metodológicas para o estudo das poéticas orais/da voz (MATOS, 2018) e as reflexões que problematizam as relações de gênero, reformulando as concepções do feminismo ocidental branco (OYEWÙMÍ, 2021). Forjada pela tradição oral, feita para ser cantada nas praças, nas feiras, a literatura de cordel brasileira era um campo majoritariamente masculino, fruto de um tempo em que a mulher não tinha direitos básicos como estudar e votar. Um corpo feminino produzindo e erguendo a voz pelas praças e feiras do país era algo inconcebível, talvez esse seja um dos motivos para o distanciamento das mulheres do cenário da literatura de cordel por muitos anos. Contudo, essa realidade vem mudando e muitas vozes femininas têm se erguido para dominar esse campo da literatura e gritar pelo fim do machismo nos versos e no cenário do cordel brasileiro.
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