As heroínas amefricanas: os cordéis de Jarid Arraes sob análise decolonial
DOI:
https://doi.org/10.35921/jangada.v1i20.467Palavras-chave:
Literatura de cordel, Feminismo decolonial, Literatura feminista negra, AmefricanidadeResumo
Os cordéis da coleção Heroínas Negras Brasileiras, de Jarid Arraes, são posicionados neste artigo enquanto produções literárias decoloniais ao apresentarem as histórias das amefricanas, mulheres negras cujas trajetórias foram significativas para a história do Brasil. Os folhetos são acionados pela escritora enquanto ferramentas políticas, com abordagens relevantes aos feminismos negro e decolonial, bem como a manutenção de elementos importantes para a literatura de cordel, a “estética da tradição” (ARRAES, 2019). Os cordéis da coleção são analisados a partir de repertórios não hegemônicos propostos por intelectuais relacionadas ao feminismo decolonial, como a categoria metodológica da Amefricanidade, de Lélia Gonzalez (1988), o conceito de locus fraturado de María Lugones (2014), assim como as movimentações dialéticas entre opressão e ativismo, de Patricia Hill Collins (2019). A localização das amefricanas em suas potencialidades, enquanto heroínas produtoras de saberes de resistência, nos permite versar também sobre as posições de heróis e anti-heróis no campo da literatura de cordel, compreendendo a reorganização operada pela cordelista.
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