A ficcionalização da memória e o trauma na composição do romance "Ponciá Vicêncio", de Conceição Evaristo
DOI:
https://doi.org/10.35921/jangada.v1i14.224Keywords:
Literatura, Memória, Trauma, SilêncioAbstract
Este artigo analisa as representações mnemônicas e o seu entrelaçamento com as experiências traumáticas que compõem as lembranças dos personagens no romance Ponciá Vicêncio. Assim, busca-se evidenciar como a escritora Conceição Evaristo utiliza tais elementos como fio condutor do texto, visando compor uma narrativa insurgente que denuncia as heranças traumáticas relacionadas ao processo de escravidão, bem como evidencia a rememoração da história dos afrodescendentes, denunciando a invisibilidade do sujeito negro, sobretudo, o feminino, por meio da análise no silêncio da protagonista Ponciá, com profundas reflexões sobre a condição social, à medida que, vai restituindo humanidades negadas e silenciadas após séculos de racismo estrutural.
References
ADORNO, Theodor W. Dialética negativa. Rio de Janeiro: J. Zahar, 2009.
_______. Educação após Auschwitz. In: ADORNO, Theodor W. Sociologia. São Paulo: Ática, 1986.
ASSMANN, Aleida. Espaços da recordação: formas e transformações da memória cultural. Tradução Paulo Soethe. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2011.
BENJAMIN, Walter. O narrador. In: BENJAMIN, Walter. Magia e Técnica, Arte e Política: ensaios sobre a literatura e história da cultura. Trad. Sérgio Paulo Rouanet, 2° ed., Brasiliense, 1986.
EVARISTO, Conceição. Da grafia desenho de minha mãe, um dos lugares de nascimento da minha escrita. Mesas de Escritoras Afro-brasileiras. IX SEMINÁRIO NACIONAL MULHER E LITERATURA/ II SEMINÁRIO INTERNACIONAL MULHER E LITERATURA, Rio de Janeiro, 2005. Disponível em: < http://nossaescrevivencia.blogspot.com/2012/08/da-grafia-desenho-de-minha-mae-um-dos.html>. Acesso em: 01 junho 2019.
____. Ponciá Vicêncio. Belo Horizonte: Mazza, 2003.
HUYSSEN, Andreas. Seduzidos pela memória: arquitetura, monumentos, mídia. Rio de Janeiro: Aeroplano, 2000.
HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva. Tradução de Laurent Léon Schaffter. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais LTDA, 1990.
SELIGMANN-SILVA, Márcio. 2001. Literatura e Trauma: um novo paradigma. In: Rivista di Studi Portoghesi e Brasiliani III (2001), Pisa e Roma, pp. 103-118. In: O local a diferença. Ensaios sobre memória, arte, literatura e tradução, São Paulo: Editora 34, 2005, pp. 63-80.
_______. História, Literatura e Memória. O testemunho na era das catástrofes. Campinas: Editora da Unicamp, 2003.
_______. A atualidade de Walter Benjamin e de Theodor W. Adorno. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2009.
SONTAG, Susan. A “estética do silêncio”. In: A vontade radical: estilos. Tradução de João Roberto Martins filho. São Paulo: Companhia das Letras, 1987, p.11-40.
STEINER, George. Linguagem e silêncio. Ensaios sobre a crise da palavra. Tradução de Gilda Stuart e Felipe Rajabally. São Paulo: Companhia das Letras, 1988.
LE GOFF, Jacques. História e memória. Tradução Bernardo Leitão [et al.] -- Campinas, SP Editora da UNICAMP, 1990.LEVI, Primo. É isto um homem? Tradução de Luigi Del Re. Rio de Janeiro: Rocco, 1988.
LUKÀCS, George. Narrar ou descrever? In: Ensaios sobre Literatura. Tradução de Giseh Vianna Konder. 2° ed, Editora Civilização brasileira, 1936.
RICOEUR, Paul. Tempo e narrativa. Tradução de Claudia Berliner. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2010.
SPIVAK, Gayatri. Pode o subalterno falar? Tradução de Sandra Regina Goulart. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2010.
TAYLOR, Diana. O arquivo e o repertório: performance e memória cultural nas Américas. Tradução de Eliana Lourenço de Lima Reis. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2013.
MBEMBE, Achille. Necropolítica: Biopoder, soberania, estado de exceção, política da morte. In: Arte & Ensaios. Tradução de Renata Santini. 3° ed, São Paulo, 2018.
POLLAK, Michael. Memória e identidade social. In: Estudos históricos. Vol.5, n.10, 1992, p. 200-212.