Uma fantasia urbana portuguesa em mosaico: “O deus das moscas tem fome”, de Luís Corte Real

Autores/as

  • Bruno Anselmi Matangrano Universidad Federal de Pelotas - UFPEL

DOI:

https://doi.org/10.35921/jangada.v1i18.427

Palabras clave:

fantasia urbana, literatura policial, literatura portuguesa, história alternativa, protagonista anti-herói, contemporaneidade

Resumen

Este artigo pretende apresentar criticamente o livro O Deus das Moscas tem fome, evidenciando seu aspecto inovador no que concerne à literatura de gênero portuguesa, e, ao mesmo tempo, analisando suas interessantes experimentações formais e estilísticas. Romance fix up do português Luís Corte Real, conhecido por ter fundado a editora Saída de Emergência, uma das maiores e mais respeitadas casas lusitanas, que se dedica particularmente à publicação de obras de fantasia, ficção científica e horror, nacionais e internacionais, O Deus das Moscas tem Fome é composto de seis narrativas, de tamanhos variados, sendo uma delas de autoria da autora convidada Anabela Natário. Juntas, compõem um retrato do cotidiano do “Detetive do Oculto”, Benjamin Tormenta, cujo passado, presente e futuro o leitor desvela pouco a pouco à medida que o protagonista desvenda seus casos, aos moldes de Sherlock Holmes e Hercule Poirot, em uma Lisboa oitocentista alternativa marcada pelo sobrenatural. Evidencia-se, portanto, a marca de diversos gêneros particularmente anglófonos, como a fantasia (em suas múltiplas facetas, em particular os subgêneros conhecidos como fantasia urbana e histórica), policial, horror, dentre outras categorias, que revelam o manancial de referências de um autor que explora, a um só tempo, as culturas erudita, pop e popular, algo ainda raro no tão tradicional mercado editorial português. Ao mesmo tempo, espera-se com este artigo evidenciar a experimentação linguística, como se disse, mas também a reconstrução de uma ambientação histórica, que remonta ao século XIX português, em uma homenagem declarada a Eça de Queiroz.

Biografía del autor/a

Bruno Anselmi Matangrano, Universidad Federal de Pelotas - UFPEL

Bruno Anselmi Matangrano é Doutor em Literatura Portuguesa pela Universidade de São Paulo (USP), tradutor e pesquisador de literatura fantástica (em especial, dos subgêneros da fantasia) e da literatura produzida no fim do século XIX. Atualmente, é professor substituto na Universidade Federal de Pelotas, UFPel. Contato: bamatangrano@yahoo.com.br

Citas

CHIOVATTO, Ana Carolina Lazzari. O Mago anti-herói de Eric Novello. Revista Abusões, n. 07, v. 7, ano 4, 2017, pp. 336-371. Disponível em: <https://www.researchgate.net/

publication/329574596_O_MAGO_ANTI-HEROI_DE_ERIC_NOVELLO>. Acesso em dezembro de 2021.

EKMAN, Stefan. Crime Stories and Urban Fantasy. Clues: A Journal of Detection, v. 35, n. 2, 2017, pp. 48-57. Disponível em: <https://www.academia.edu/39189228/Crime_

Stories_and_Urban_Fantasy>. Acesso em dezembro de 2021.

MATANGRANO, Bruno Anselmi; TAVARES, Enéias. Fantástico Brasileiro: o insólito literário do romantismo ao fantasismo. Curitiba: Arte & Letra, 2018.

McDONALD, Dean. Urban Fantasy: Conjuring collapse or a sense of place?. Caliban - French Journal of English Studies, n. 63, Presses Universitaires du Midi, 2020, pp. 237-242. Disponível em: <https://www.academia.edu/45591137/Urban_Fantasy_Conjuring_Collapse_or_a_Sense_

of_Place>. Acesso em dezembro de 2021.

REAL, Luís Corte. Na Lisboa do Século XIX havia monstros que mais ninguém ousava investigar. Revista Bang! - A sua revista de fantasia, FC e horror, n. 29. Lisboa: Editora Saída de Emergência, 2021, pp. 36-50.

REAL, Luís Corte. O Deus das Moscas tem Fome – As Aventuras de Benjamin Tormenta: Detetive do Oculto. Vol. 1. Lisboa, Portugal: Edições Saída de Emergência, 2021.

SILVA, Luís Felipe. “Introdução”. In: REAL, Luís Corte. O Deus das Moscas tem Fome – As Aventuras de Benjamin Tormenta: Detetive do Oculto. Vol. 1. Lisboa, Portugal: Edições Saída de Emergência, 2021, pp. 11-12.

TAVARES, Enéias Farias; MATANGRANO, Bruno Anselmi. A humanização do monstro no seriado televisivo Penny Dreadful, Revista Abusões, n. 02, v. 2, ano 2, pp. 181-219. Disponível em: <https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/abusoes/article/view/25725/22968>. Acesso em dezembro de 2021.

Publicado

2021-12-30

Cómo citar

Anselmi Matangrano, B. (2021). Uma fantasia urbana portuguesa em mosaico: “O deus das moscas tem fome”, de Luís Corte Real. Jangada crítica | Literatura | Artes, 9(2), 264–277. https://doi.org/10.35921/jangada.v1i18.427