Figurações do pedinte de opa na obra de Machado de Assis
DOI :
https://doi.org/10.35921/jangada.v12i2.623Mots-clés :
Machado de Assis, pedinte de opa, fisiologia, Intertextualidade, alegoriaRésumé
Dentre os tipos humanos que percorriam as ruas do Rio de Janeiro na segunda metade do século XIX, o pedinte de opa foi tema que atravessa a obra de Machado de Assis, inaugurado em texto que se inscreve dentro do espírito satírico da série “Tipos Burlescos”, publicado na Semana Ilustrada, em 1863, sendo retomado no conto “Um dístico”, em 1886, e no romance Esaú e Jacó, em 1904. Nessa trajetória, a figuração do pedinte de opa sofre transformações: primeiramente, na adequação à linguagem das fisiologias, no texto da Semana; na sequência, na associação entre memória e a intertextualidade, em “Um dístico”; finalmente, na interpretação alegórica de fatos históricos, em Esaú e Jacó. São representações do pedinte de esmola, pontuadas de semelhanças e diferenças, por meio das quais Machado de Assis capta a complexidade da sociedade carioca, na passagem do Império para a República.
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