A política do sensível no 'Caderno B' do "Jornal do Brasil": o caso de "O Milagre das folhas", de Clarice Lispector
DOI:
https://doi.org/10.35921/jangada.v11i1.507Palabras clave:
“O milagre das folhas”; Clarice Lispector; Política Sensorial; Folhas.Resumen
RESUMO: O presente artigo propõe uma reflexão da crônica “O milagre das folhas”, de Clarice Lispector (1920-1977), publicada em 04 de janeiro de 1969 no Jornal do Brasil. Trata-se de uma escritura profundamente relacionada ao projeto artístico da autora, em que os vegetais são mola propulsora de pensamentos políticos mais amplos. Isto posto num período marcadamente engendrado por violências institucionalizadas – Ditadura Civil Militar no Brasil (1964-1985). Em nossa análise da crônica, destacaremos o viés temático arrolado naquilo que chamamos de resistência cifrada pela presença das folhas, as quais, por sua vez, convocam a observação sensorial do mundo inumano e a não alienação da vida. Para este estudo, recorremos aos argumentos de Cixous (2022), Adorno (1998), Rago (2009), Buck-Morss (2012), Dalcastagnè (2020), Nascimento (2021), e outros.
PALAVRAS-CHAVE: “O milagre das folhas”; Clarice Lispector; Política Sensorial; Folhas.
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